quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Falando sobre cores e a máquina dos quadrinhos









Buenas, gurizada! Uma das coisas que mais gosto de fazer na parte de arte é trabalhar com cores, e vez ou outra retorno a fazer algum estudo em cima de páginas de artistas que eu curto o trabalho, como Frank Cho, Bryan Hitch, Joe Mad, e por aí vai. Nas últimas semanas fiz algumas amostras e estava tentando produzir de maneira mais ágil, buscando um resultado comercialmente viável na qualidade e no prazo, que seria uma média de 3 a 5 páginas coloridas por dia.

  Uma rápida explicação para você que não sabe como funciona a produção de uma história em quadrinhos no mercado americano: antes de ir para a gráfica, a revista passa por diversos profissionais responsáveis por cada etapa:

O roteirista (writer) escreve a história, podendo ele ser o mais descritivo possível, detalhando cada página e quadro com o quer ver nas cenas, ou apenas dar uma breve descrição e deixar o desenhista livre para criar as páginas conforme sua vontade.

Uma vez que a trama é aprovada pelo editor, este roteiro é enviado ao desenhista (penciler), que deverá ilustrar o roteiro, buscando transpor da melhor maneira possível toda a trama, os conflitos e as emoções do texto de forma coesa e de maneira cinematográfica.

Terminadas as páginas feitas a lápis (geralmente), elas são enviadas para o arte-finalista (inker), que é responsável por passar o traço a lápis do desenhista para o preto e branco com nanquim, usando de ferramentas como pincéis e bicos-de-pena. Hoje em dia está se difundindo bastante o uso da arte-final digital.

E por fim, a parte que eu trouxe para vocês, a vez da pessoa que tem que correr para entregar para a gráfica dentro do prazo, o colorista (colorist). Utilizando-se de ferramentas digitais (geralmente photoshop, mas nem sempre), ele é o responsável por aplicar as cores sobre a página finalizada com nanquim, ou as vezes diretamente sobre o lápis do desenhista, buscando transmitir as emoções das cenas em cores. Por exemplo, se uma cena é triste, o colorista pode tentar pôr cores mais frias na cena, como azuis, verdes, violetas, assim como em uma cena de ação ele pode puxar para cores mais quentes, como amarelo, laranja e vermelho.

Bueno, foi uma explicação bem básica, existem muitas diferenças nas linhas de produção, variando de revista para revista, e de mercado para mercado. Os comics tem em média 1 mês para serem produzidos, enquanto que as histórias em quadrinhos europeias geralmente são ilustradas por apenas um artista em uma história mais longa e que leva tempos para ser produzida. Já os mangás japoneses que tem uma produção semanal são feitos por uma equipe grande para dar conta da demanda, com cada profissional sendo responsável por uma parte da arte, um para o layout das páginas, outro para desenhar as personagens, outro para fazer os cenários, um outro para fazer carros e objetos mecânicos, e por aí vai. Nada disto é uma regra, há muitas exceções em todos os mercados, mas estas são as maneiras mais comuns de trabalhar em cada um deles.

Enfim, espero que tenham gostado dos meus estudos, e espero ter ajudado você a entender um pouco sobre a produção de quadrinhos mundial, caso você não soubesse. Hasta luego, indiada!